
Sabias que 68,5% da população adulta portuguesa tem colesterol alto?
Caso não saibas o que é o colesterol, trata-se de uma substância gorda essencial para o organismo, uma vez que participa na formação das membranas celulares, na síntese de determinadas hormonas e na constituição dos sais biliares e da vitamina D.
No entanto, embora seja fabricado em grande medida através do fígado, parte do colesterol também é obtido através de certos alimentos e passa para a corrente sanguínea. O colesterol não é uma doença em si mesmo, mas em excesso constitui um fator de risco para outras doenças cardiovasculares, pelo que é importante estares a par dos níveis no teu organismo.
O que é um perfil lipídico completo?
Um perfil lipídico completo é realizado a partir de uma análise de sangue em jejum, que permite medir o nível de colesterol total, incluindo o colesterol LDL e colesterol HDL, bem como os triglicerídeos. Quando os valores obtidos são demasiado elevados, costuma ser realizada uma segunda análise para confirmar os resultados da primeira.
Além disso, uma análise completa de lípidos implica a deteção de aterosclerose. Isto pode ser detetado durante um exame médico, mediante a auscultação do pescoço, da virilha ou do abdómen. O médico procura um som respiratório que indique um estreitamento das artérias. Tirar o pulso também permite avaliar o alcance da redução do fluxo sanguíneo.
Quando se deve realizar uma análise de sangue para conhecer o perfil lipídico?
Como a dislipidemia (anomalias no nível sanguíneo de colesterol e/ou triglicerídeos) geralmente não causa sintomas, é esta análise de sangue com perfil lipídico que permite estabelecer o diagnóstico e definir, em caso de anomalias, como prevenir complicações cardiovasculares.
Costuma ser recomendável realizar um controlo inicial do colesterol entre os 18 e os 30 anos, especialmente em mulheres, antes de iniciar a contraceção hormonal. Depois, a partir dos 45 anos, convém fazer um acompanhamento regular. A partir dos 50 anos, deve ser realizada uma medição sistemática do colesterol a cada 5 anos nas mulheres e a cada 3 anos nos homens, tendo em conta que o excesso de colesterol é mais frequente nos homens do que nas mulheres.
Também é importante realizar um acompanhamento perante determinadas patologias crónicas (pessoas com diabetes tipo 2 ou insuficiência renal, entre outras), e em caso de doenças metabólicas ou inflamatórias crónicas.
Em ocasiões pode ser necessária uma revisão mais frequente se o paciente:
- Sofrer um evento cardiovascular (AVC, enfarte do miocárdio, angina, etc.).
- Aumentar de peso significativamente.
- Mudar o seu estilo de vida: fumar, sedentarismo…
- Tomar determinados medicamentos que possam modificar os níveis de colesterol, triglicerídeos ou aumentar o seu risco cardiovascular.
Como se realiza a análise de sangue?
O hemograma para analisar o perfil lipídico deve ser realizado em jejum, pelo que não se pode comer nem beber nada (exceto um pouco de água) durante as 12 horas anteriores a este. Antes desta análise também é conveniente:
- Não fumar.
- Não praticar atividade física intensa.
- Comunicar os medicamentos tomados ao médico, uma vez que alguns deles podem afetar os resultados.
Embora as técnicas estejam hoje bem normalizadas, não é raro observar pequenas variações nas doses de colesterol e triglicerídeos de um laboratório para outro. Portanto, realizar as análises sempre no mesmo laboratório facilita a comparação dos resultados.
O que revela um perfil lipídico?
Um perfil lipídico oferece diferentes valores:
- Colesterol total: Sob este termo inclui-se no valor os níveis de colesterol HDL, colesterol LDL e 1/5 do nível de triglicerídeos. Esta taxa costuma ser inferior a 2 g/L.
- Colesterol LDL: Conhecido como “colesterol mau”, uma grande maioria do colesterol total é formado por estas LDL (lipoproteínas de baixa densidade). Consideram-se aceitáveis 2 valores em função da presença ou ausência de fatores de risco cardiovascular:
- Na ausência de risco cardiovascular, um nível de colesterol LDL é normal se for inferior a 1,6 g/L.
- Na presença de um ou mais fatores de risco (exemplo: homem com mais de 50 anos), o valor limite aceitável é então de 1,3 g/L.
- Colesterol HDL: Mais conhecido como “colesterol bom” (lipoproteínas de alta densidade), a sua função é capturar o excesso de colesterol no sangue e transportá-lo para o fígado para que possa ser eliminado com a bílis. Um nível de colesterol HDL é considerado demasiado baixo se for inferior a 0,35 g/L enquanto que um nível alto, isto é, superior a 0,60 g/L, protege contra as doenças cardiovasculares e anula um fator de risco.
- Triglicerídeos: Estas moléculas representam a maioria das gorduras sanguíneas que não se encontram em forma de colesterol. Os níveis de triglicerídeos aumentam depois de uma refeição abundante, durante uma doença hepática ou inclusive quando se tomam certos medicamentos. No entanto, um nível alto de triglicerídeos (mais de 1,5 g/L) não está necessariamente relacionado com um maior risco de doença cardiovascular.
Finalmente, para completar este perfil lipídico biológico, o médico tem em conta diferentes fatores para determinar o nível desejável de colesterol HDL, entre eles:
- A idade do paciente (mais de 50 anos para um homem ou mais de 60 anos para uma mulher).
- Antecedentes familiares de doença cardíaca precoce, como enfarte.
- Fumar ou têr deixado de fumar há menos de 3 anos.
- A pressão arterial alta, inclusive se for tratada.
- Diabetes tipo 2.
- Um nível sanguíneo de colesterol HDL inferior a 0,40 g/L porque um nível superior a 0,60 g/L elimina um fator de risco.
Em suma, o perfil lipídico revela anomalias que podem afetar:
- Colesterol com aumento do colesterol LDL no sangue e possivelmente um nível baixo de colesterol HDL, isto é, hipercolesterolemia.
- Triglicerídeos cujo nível no sangue é elevado, isto é, hipertrigliceridemia ou dislipidemia mista, quando afeta tanto o colesterol como os triglicerídeos.
Quais são os níveis recomendados de colesterol e triglicerídeos?
É óbvio que os valores serão diferentes para cada indivíduo dependendo de diferentes antecedentes e fatores de risco. Mas na ausência de fatores de risco, as seguintes taxas são consideradas normais:
- Um nível de colesterol total inferior a 2 g/L.
- Um nível de colesterol LDL inferior a 1,6 g/L.
- Um nível de colesterol HDL superior a 0,4 g/L.
- Um nível de triglicerídeos inferior a 1,5 g/L.
Uns níveis altos de colesterol sem controlo durante anos podem provocar gradualmente uma perda de elasticidade nas artérias e reduzir o seu diâmetro, dificultando o fluxo sanguíneo, também conhecido como aterosclerose (ou arteriosclerose), uma doença que pode ter consequências graves entre elas a formação de coágulos.
A prevenção é essencial e simples com umas regras básicas de vida saudável, incluindo alimentação e atividade física regular. Ao contrário do que se crê, não é só a gordura que promove o colesterol, mas o excesso de açúcar também contribui.
Por outro lado, a ingestão de determinados suplementos alimentares também pode ajudar a manter o colesterol sob controlo de forma natural.
Se tens dúvidas, consulta o teu médico ou farmacêutico/a.
Artigo traduzido e adaptado por Celia Núñez, redigido originalmente em francês por Marie Hot.