Não há forma de saber com certeza se tens a variante ómicron silenciosa sem um teste de laboratório específico.

Não há forma de saber com certeza se tens a variante ómicron silenciosa sem um teste de laboratório específico.

A mais recente subvariante do coronavírus SARS-CoV-2

A mais recente subvariante do coronavírus SARS-CoV-2, popularmente conhecida como "ómicron silenciosa" ou "ómicron furtiva", alertou grande parte da população. Um dos aspetos mais abordados refere-se aos sintomas e diferenças em relação à variante ómicron original. Aqui, contamos-te mais sobre a subvariante do coronavírus mais presente em todo o mundo, como saber se estás infetado/a e o que ter em conta relativamente a possíveis reinfeções.

O que é a ómicron silenciosa e qual é a sua origem?

Em novembro de 2021, surgiu uma nova variante do SARS-CoV-2, causador da pandemia de COVID-19. A chamada ómicron (B.1.1.529, o seu nome técnico) infetou massivamente muitas pessoas em todo o mundo.

No caso de Espanha, a sua incidência é tão elevada que, no início de fevereiro de 2022, já representava entre 79,6% e 98,7% das infeções. Até então, a variante delta detetada na Índia em outubro de 2020 representava a grande maioria dos casos devido à sua elevada capacidade de contágio.

A ómicron não tardou em tornar-se a variante predominante e, em dezembro de 2021, surgiu a sua subvariante: a ómicron silenciosa ou furtiva (BA.2), hoje em dia presente em todo o mundo.

Recebe este nome porque, num primeiro momento, os meios de comunicação difundiram que era indetetável em testes como os testes de antigénios, disponíveis aos cidadãos nas farmácias. No entanto, podemos afirmar que todas as variantes e subvariantes de SARS-CoV-2 são detetáveis tanto pelo PCR como pelos autotestes de antigénios, se houver uma quantidade suficientemente alta de partículas virais (e, sobretudo, se houver sintomas).

Quanto aos sintomas, há poucas diferenças em relação à variante ómicron original. Por isso, as vacinas que se administram também protegem contra as formas graves da doença e diminuem o número de óbitos decorrentes da mesma. Não são muito eficazes para prevenir infeções, mas ajudam a que as pessoas sejam infetadas por menos dias do que as não vacinadas.

Quais são os sintomas da ómicron silenciosa?

É aconselhável que, em primeiro lugar, realizes um autoteste de antigénios, já que a sintomatologia pode variar muito, também quanto à intensidade. Mas, se não consegues realizar um teste ou o resultado é negativo, deves igualmente prestar atenção aos sintomas. A seguir, oferecemos-te a listagem orientativa dos mesmos:

  1. Tosse
  2. Congestão nasal
  3. Fadiga
  4. Dor de garganta
  5. Dor de cabeça/cefaleia
  6. Dor muscular
  7. Febre
  8. Espirros
  9. Redução do apetite
  10. Diminuição do paladar
  11. Diminuição do olfato
  12. Respiração forte
  13. Dor abdominal

Dado que os sintomas são partilhados com as demais variantes, é importante ver caso a caso se poderiam ser determinantes para diagnosticar a pessoa com ómicron silenciosa.

Mar Santamaría, farmacêutica da PromoFarma, recomenda o seguinte, caso tenhas suspeitas de infeção: "Isola-te, teletrabalha, não interajas com outras pessoas. Por responsabilidade, é preciso continuar a cortar cadeias de transmissão para evitar que a infeção chegue a uma pessoa mais velha, imunocomprometida ou com doença de base que se possa complicar. Portanto, se tens sintomas e confirmas mediante um teste que és positivo, sê responsável e isola-te, na medida do possível, uns dias até deixares de dar positivo/ter sintomas. Estes sintomas podem ser controlados tranquilamente em casa sem necessidade de ir a um centro médico, se for um quadro leve. Continua a utilizar máscara em transportes públicos ou espaços muito concorridos e pouco ventilados."

Finalmente, se continuares a ter dúvidas, a melhor opção é ires ao teu médico para um diagnóstico certeiro e uma pauta de tratamento eficaz.

É possível infetar-se duas vezes com a ómicron?

No passado dia 8 de março de 2022, a OMS advertia, num comunicado, para a possibilidade de reinfeção com BA.2, após ter superado uma infeção com ómicron.

Há casos de reinfeção. No entanto, os dados iniciais dos estudos quanto à população sugerem que, se se contraiu o vírus, obtém-se uma proteção substancial contra a reinfeção com BA.2, pelo menos durante o período limitado de que se dispõe de dados.

A gravidade da doença difere em populações vacinadas. Há que ter em conta que é muito difícil reinfetar-se com a mesma variante, mas não impossível.

Por isso, é importante estar vacinado (com a dose de reforço) se se querem evitar complicações por COVID-19. Embora os anticorpos vão decrescendo com os meses, a "imunidade mediada por células" (linfócitos do sistema imunitário) mantém-se.

Em referência a isto, há estudos que sustentam que a imunidade híbrida é a mais eficaz, ou seja, a que se obtém com a vacina e passando a infeção por coronavírus. O que é claro é que, se se têm menos anticorpos, há mais probabilidades de reinfeção.

Apesar de a possibilidade de reinfeção ser real, há que destacar que o risco de hospitalização ou desenvolvimento de doença grave diminui drasticamente desde o momento em que se supera a infeção de maneira natural ou se administrou a pauta completa da vacinação. Por isso, é tão importante o acesso às vacinas em todo o mundo. Embora vacinar-nos não possa travar completamente o avanço de novas infeções ou reinfeções, poderia evitar a morte de pessoas infetadas à escala mundial, assim como a possibilidade de contrair a doença num estado grave ou reduzir as hospitalizações.

Não há dados que sugiram que a BA.2 cause uma doença mais grave do que as subvariantes anteriores de ómicron. Especialistas asseguram que esta subvariante está a infetar agora mais devido ao relaxamento das medidas de contenção em muitos países.

Em qualquer caso, a situação atual mostra que temos de continuar a ser responsáveis porque o vírus continua a causar dano às pessoas não vacinadas, àquelas que não receberam dose de reforço ou aos mais vulneráveis. "[O coronavírus] ainda é um grande problema de saúde pública e vai continuar a sê-lo", sustenta Mark Woolhouse, epidemiologista da Universidade de Edimburgo (Escócia).

Por outro lado, como aspeto positivo, Mar recorda-nos que "cada vez temos mais ferramentas para fazer face a esta doença. É o caso do medicamento Paxlovid, que já se dispensa em farmácias sob prescrição médica, e é um medicamento que reduz em grande medida o risco de complicações e a sua gravidade."

Por último, se tens dúvidas e queres conhecer mais sobre outras doenças víricas respiratórias, podes consultar as diferenças entre coronavírus, constipação comum e gripe.