Nos últimos anos, tem-se investigado muito o envelhecimento da pele.
Sabemos que existem fatores, como o dano oxidativo, que afetam (e aceleram) o cronoenvelhecimento. Também conhecemos um dos grandes inimigos da pele: a radiação UV (fotoenvelhecimento).
O que não sabíamos é o papel que a glicação desempenha na deterioração da nossa pele, em especial como afeta as proteínas da derme, o colagénio e a elastina. Porque sim: a ciência demonstra que a glicação piora as rugas, a firmeza e, em geral, a saúde da pele. Não só o aspeto!
Detetar a passagem do tempo é incontrolável, é um processo natural. O que podemos fazer é compreender o enigma da glicação, identificar os agentes que a originam e estudar as ferramentas que nos ajudam a travá-lo.
E temos o segredo para o fazer: um conjunto de hábitos saudáveis e 5 ingredientes que podemos tanto aplicar cosmeticamente como suplementar na nossa dieta.
O que é a glicação na pele?
Recordas-te de como se formavam os radicais livres? Embora o processo não seja o mesmo que o da glicação, também tem como resultado algo que acaba por danificar a pele: os AGEs. Longe de ser um termo publicitário, as siglas fazem referência a um subproduto de uma reação química chamada glicação.
No processo bioquímico de glicação, os açúcares (como por exemplo glicose ou frutose) reagem com as proteínas, no caso da nossa pele com o colagénio e a elastina. Como resultado, criam-se umas moléculas chamadas AGEs (produtos finais de glicação avançada) que são as responsáveis por envelhecer a pele de forma acelerada.
E por que envelhecem? Os AGEs unem-se às fibras de colagénio e elastina tornando-as mais rígidas e menos elásticas, o que resulta no aparecimento de rugas, perda de volume e elasticidade da pele.
Que fatores provocam a glicação?
- Uma dieta desequilibrada e rica em açúcares livres, onde haja alimentos cozinhados a altas temperaturas (fritos, por exemplo).
- A exposição à radiação ultravioleta (UVA, UVB).
- A poluição ambiental (especialmente partículas PM2,5).
- O consumo de tabaco e álcool.
- Os altos níveis de stress.
Como evitar a formação de AGEs na pele?
Há dois grandes grupos de ferramentas que podemos utilizar para evitar a glicação. Por um lado, melhorar os nossos hábitos de vida (alimentação saudável fugindo dos açúcares processados, praticar desporto regularmente, não consumir substâncias tóxicas como álcool e tabaco) vai poupar-nos grande parte da glicação. Também acrescentaria que uma boa rotina de sono é essencial para evitar a glicação e minimizar o risco de inflamação crónica.
Por outro lado, os suplementos nutricionais e a cosmética também podem ajudar a fazer frente à glicação na pele, fornecendo ingredientes que ajudem a inibi-la ou que paliem os seus efeitos, mitigando a inflamação.
E, como sempre, o rei antiglicação e antienvelhecimento da pele: o uso de proteção solar. Não nos cansaremos de repetir: a proteção solar diária é um investimento para a futura saúde da pele.
Que ingredientes há que procurar num cosmético (ou suplemento) antiglicação?
Aparte dos conhecidos antioxidantes, como a vitamina C, a vitamina E e o ácido ferúlico, que lutam contra radicais livres e, portanto, vão travar o processo de glicação, há dois ingredientes essenciais que demonstraram ser muito benéficos:
- Carnosina: é um dipeptídeo que ajuda, tanto aplicado de forma tópica como ingerido, a evitar a glicação.
- Pycnogenol: é o extrato da casca de pinho marítimo, rico em polifenóis e com alto poder antioxidante, que também demonstrou ser um potente ativo antiglicação.
- DMAE (dimetilaminoetanol): é uma substância tensora que ajuda a reduzir a flacidez da pele e demonstrou ter propriedades antiglicação.
- Extrato de arandos: são uma fonte natural de polifenóis antioxidantes. Podem tomar-se em forma de suplementos ou bem o extrato como ingrediente cosmético.
- Niacinamida: é um ativo todo-o-terreno que hidrata, é anti-inflamatório, despigmentante e, além disso, reduz a glicação.
- Ácido alfa-lipóico: é um potente antioxidante que se pode consumir de forma oral ou aplicá-lo sobre a pele.
Se decidires tomar suplementos, lembra-te que os suplementos alimentares devem tomar-se como parte de uma dieta variada e equilibrada, e um estilo de vida saudável. Recomendamos-te consultar um/a profissional de saúde para orientação no teu caso.
