Meningite: diagnóstico e tratamento

Meningite: diagnóstico e tratamento

Todos os anos, são declarados em Espanha cerca de 1000 casos de meningite

Todos os anos, são declarados em Espanha cerca de 1000 casos de meningite, dos quais 10% são muito graves. Em Portugal, em 2024, ocorreram 96 casos segundo a DGS. O termo "meningite" costuma assustar, e com razão: alguns casos são mortais, por isso é tão importante adotar as medidas adequadas se suspeitares que podes ter sintomas associados a esta doença.

Como reconhecer e tratar a meningite?

Como reconhecer e tratar a meningite? Quais são os fatores de risco e os sintomas da meningite? Como se pode prevenir? Neste artigo, vamos tentar entender o que fazer e como enfrentar esta doença.

O que é a meningite?

A meningite aguda é uma inflamação das meninges, a cobertura protetora do cérebro e da medula espinal. Geralmente é infeciosa, causada por um micróbio, geralmente um vírus ou uma bactéria, e, por vezes, por um fungo ou um parasita. A meningite pode aparecer em qualquer idade, mas afeta sobretudo crianças e adolescentes. É uma doença rara, mas grave. Por isso, se suspeitares que tens meningite, é vital que consultes um médico o mais breve possível. Na maioria dos casos, diz-se que a meningite é aguda, uma vez que o seu aparecimento é súbito e rápido, e dura menos de um mês. No entanto, a meningite crónica é muito mais rara. Dura mais de um mês e geralmente é causada por doenças inflamatórias ou cancerosas. Pode dever-se a uma causa infeciosa, sobretudo em pessoas imunodeprimidas.

Existem três tipos diferentes de meningite aguda, que provocam a infeção do líquido cefalorraquidiano:

  1. Meningites víricas: São as mais frequentes (entre 70 e 80% dos casos) e costumam ser benignas, recuperando-se inclusive espontaneamente. A recuperação ocorre sem sequelas ao fim de alguns dias, ainda que as dores de cabeça possam persistir durante várias semanas. Geralmente são causadas por vírus muito disseminados da família dos enterovírus, ou os vírus da varicela, do sarampo, do herpes, etc.
  2. Meningite bacteriana: Mais raras, mas muito mais graves, requerem assistência médica urgente. A meningite bacteriana pode ser causada por várias bactérias, como o pneumococo (responsável por metade das meningites bacterianas), o meningococo ou uma bactéria do género Haemophilus. Menção especial merece o estreptococo do grupo B, que representa 80% das infeções em recém-nascidos com menos de 2 meses. Frequentemente, as mulheres albergam esta bactéria nas paredes da vagina (sem apresentar sintomas) e, por vezes, os recém-nascidos são contaminados durante o parto.
  3. Meningites ligadas a cancro, doenças inflamatórias ou autoimunes: Muito mais raras, geralmente estão ligadas a um estado de imunodepressão do paciente.

Quais são os fatores de risco e as causas da meningite?

Ainda que existam certos fatores de risco, é importante recordar que a maioria das meningites são contraídas em condições de vida normais, sem relação com a hospitalização ou um procedimento médico. Considera-se que os lactentes, as crianças, os adolescentes, os adultos jovens, os idosos e as pessoas imunodeprimidas são os mais afetados. Viver numa comunidade fechada e estar em contacto com um doente de meningite também são fatores que favorecem o aparecimento da doença.

Portanto, algumas pessoas têm um maior risco de padecer e contrair meningite:

  • Os bebés com menos de 2 anos, os adolescentes e os adultos jovens até aos 25 anos.
  • Os idosos.
  • As pessoas que vivem em comunidades fechadas (internatos, quartéis, etc.).
  • Pessoas com um sistema imunitário debilitado.
  • Pessoas em contacto com um doente de meningite (muito contagiosa).
  • Pessoas que vivem em regiões onde as epidemias de meningite são frequentes.
  • Fumadores e pessoas expostas ao tabagismo passivo.

Em alguns pacientes, a infeção é contraída durante a hospitalização. Isto é conhecido como "meningite nosocomial".

Quais são os sintomas e as complicações da meningite?

Os sintomas da meningite são conhecidos como síndrome meníngea e incluem:

  • Febre alta.
  • Maior sensibilidade à luz.
  • Rigidez na nuca.
  • Dores de cabeça fortes.
  • Náuseas e vómitos.
  • Dores fortes e fadiga extrema.

Estes sintomas podem não se apresentar todos ao mesmo tempo e podem ser difíceis de interpretar em idosos e lactentes. Nas crianças muito pequenas, além de febre, os sintomas costumam ser choro incessante, irritabilidade, sonolência alternada com inquietação, e a fontanela pode estar abaulada na parte superior do crânio.

Complicações

Num caso de meningite vírica sem perda de consciência, a doença evolui favoravelmente em cerca de 10 dias. No entanto, os médicos estão vigilantes perante sinais de gravidade (febre persistente, sinais neurológicos), sobretudo nos casos de meningite ligada ao vírus do herpes. Em caso de meningite bacteriana, recorre-se ao tratamento antibiótico para evitar qualquer risco de complicações, como confusão mental ou crises epilépticas. Por vezes, pode ocorrer uma complicação grave conhecida como choque séptico com púrpura fulminante. Esta complicação revela a propagação da bactéria responsável pela meningite por todo o organismo.

Como se pode prevenir a meningite?

A meningite pode ser prevenida vacinando bebés desde os 2 meses. Existem várias vacinas contra as bactérias responsáveis pelas meningites graves: meningococo, pneumococo e Haemophilus influenzae tipo B. Estas vacinas são recomendadas desde uma idade precoce.

É fundamental recordar que as vacinas contra o sarampo, a papeira e a rubéola também previnem a meningite relacionada com estas doenças. Tem cuidado ao viajar para regiões onde as epidemias são frequentes. Também é importante não descuidar infeções otorrinolaringológicas, uma vez que os vírus e bactérias que causam a meningite podem encontrar-se na garganta ou nos ouvidos.

Como se trata a meningite?

Em caso de meningite vírica benigna, o tratamento consiste em aliviar os sintomas com repouso e analgésicos. Se houver suspeita de origem bacteriana, são administrados antibióticos por infusão intravenosa durante 10 a 21 dias. O tratamento inclui, por vezes, corticoides pelo seu efeito anti-inflamatório. Perante uma síndrome meníngea ou uma suspeita de meningite, é vital atuar com rapidez. Uma meningite bacteriana que não seja tratada rapidamente pode provocar a morte ou graves sequelas neurológicas. Recomenda-se ligar para as urgências para que te possam orientar adequadamente.