
Sabias que cerca de 8 a 10% da população portuguesa sofre de cólicas nefríticas?
Uma cólica nefrítica manifesta a presença de cálculos nos rins e/ou nas vias urinárias, e representa uma emergência médica que deve ser tratada rapidamente. Neste artigo, contamos-te mais sobre o que são e como aliviá-las.
O que é a cólica nefrítica?
A cólica nefrítica ou cólica renal é uma dor particularmente intensa, que pode durar de vários minutos até algumas horas. Localiza-se ao nível lombar na zona direita ou esquerda (onde se encontram os rins) e pode irradiar-se para as virilhas e os genitais. Nenhuma posição parece aliviar a dor, que chega a provocar sintomas como:
- Náuseas
- Vómitos
- Inchaço
- Dificuldade em urinar
- Presença de sangue na urina
A principal causa da cólica nefrítica é a presença de um cálculo (urolitíase) num dos dois ureteres, os canais por onde passa a urina desde o rim até à bexiga. Em casos muito raros, também pode dever-se a uma malformação do trato urinário.
Como a passagem da urina é mais difícil, senão impossível, a pressão aumenta nas vias excretoras, dando lugar a uma dor intensa. Esta patologia é comum, especialmente entre os 30 e os 60 anos, e mais particularmente nos homens. Além disso, as recidivas são frequentes.
O diagnóstico é realizado em consulta, e costumam realizar-se análises adicionais, como uma radiografia abdominal para conhecer a natureza dos cálculos, ou uma tomografia para comprovar o seu tamanho e localização.
Quais são os fatores de risco da cólica nefrítica?
São vários os fatores que podem favorecer o aparecimento da cólica renal:
- Consumo insuficiente de água ou até desidratação. O risco é ainda maior no caso de uma dieta rica em sódio.
- Ambiente quente, quer seja o local de trabalho, uma viagem recente, ou uma imobilização prolongada (depois de uma doença, por exemplo).
- Predisposição genética, particularmente em pessoas que têm níveis elevados de ácido úrico no sangue (também predispostas a sofrer ataques de gota).
- Infeções urinárias devido a uma alteração no pH da urina ou uma anomalia do trato urinário, que podem provocar estagnação da urina.
Que tratamentos para os cálculos renais?
O primeiro que é preciso fazer é aliviar a dor, que frequentemente pode ser insuportável, administrando anti-inflamatórios e antiespasmódicos por via oral ou intravenosa. Também é recomendável aplicar uma fonte de calor na zona dorida para aliviar a dor.
Em caso de dor muito intensa, é importante controlar a temperatura, já que se a cólica nefrítica se acompanhar de febre e/ou calafrios, deve ser tratada de forma urgente. A hospitalização é necessária em casos graves, e especialmente em casos de gravidez, infeção associada do trato urinário superior, ou em pessoas monorrenais.
É preciso ter em conta que quase 80% dos cálculos renais se eliminam de forma espontânea através do trato urinário, e que se tiverem menos de 5-6 mm não é necessária nenhuma intervenção médica. Portanto, o tratamento irá basear-se no acompanhamento médico da expulsão espontânea.
Se o cálculo não sair, poderá requerer um tratamento urológico, como a colocação de uma sonda ureteral, fragmentação dos cálculos mediante laser ou até fragmentação extracorporal dos cálculos mediante ondas de choque.
Na ausência de fatores graves (febre, calafrios, falta de micção, dor insuportável, rim único), só se requer repouso na cama. Ainda que se recomende deixar de beber durante a fase muito dolorosa, recomenda-se beber abundante líquido uma vez que a dor diminua.
Como prevenir as recaídas de cálculos?
Isto não é nenhum segredo: é preciso beber muita água! E é que uma grande eliminação urinária (pelo menos 2 litros de urina ao dia) provoca a diluição da urina, e previne a formação de cálculos nos rins e nas vias urinárias. É aconselhável aumentar a quantidade de líquido em épocas de calor extremo, ou durante a atividade física.
Além disso, é aconselhável limitar os alimentos que possam favorecer a formação de cristais, e portanto de pedras, como a carne, os laticínios ou o sal, e enriquecer a dieta com frutas e legumes, especialmente aquelas ricas em potássio, porque facilitam a eliminação do cálcio: bananas, batatas, feijões...
Atenção com certos alimentos! Sabe-se que os frutos secos, o marisco, a mostarda, os espinafres, a beterraba, o funcho, e, em geral, os frutos vermelhos, assim como a salsa, o café, o chá, o vinho branco e o ruibarbo contribuem para o aparecimento de cálculos urinários. A vitamina C também não se deve consumir em grandes quantidades, máximo 1 grama ao dia.
Por outro lado, as plantas com propriedades diuréticas que aumentam o volume de urina podem ser, fora de períodos de crise, uma boa ajuda para prevenir os cálculos renais. Alguns exemplos são a cavalinha, o ortossifão ou o dente-de-leão.
Além disso, para aliviar a dor em casos de cólica nefrítica, é possível aplicar uma sinergia de óleos essenciais numa massagem lombar, como o óleo de manjericão pela sua ação antiespasmódica, o de limão eucalipto para dilatar as vias urinárias e portanto facilitar a evacuação dos cálculos renais.
Em caso de dúvida, não hesites em consultar o teu médico ou farmacêutico, que poderá orientar-te.
Artigo traduzido e adaptado por Celia Núñez, redigido originalmente em francês por Sandrine Nail-Billaud.