
Já ouvimos muitas vezes a expressão "Que deprimente!" ou "Esta música deprime-me"
Usamos como sinónimo de estar triste ou angustiado. Mas será que sabemos realmente o que implica sofrer de depressão? Educar-nos neste aspeto permitir-nos-á evitar usar este tipo de expressões que podem ser prejudiciais para as pessoas que vivem com este problema.
É importante fazer uma distinção entre sentimentos de tristeza e de angústia pontuais após eventos específicos nas nossas vidas, como uma perda ou uma separação sentimental. A depressão deve ser diagnosticada por profissionais de saúde, sendo os psiquiatras e os psicólogos os maiores especialistas na matéria.
Mar Santamaria, farmacêutica da PromoFarma, explica: "Assim como quando temos uma dor intensa num tornozelo, que não cessa e nos impede de andar bem, vamos ao médico, também é necessário fazê-lo quando há uma dor emocional forte e persistente, que nos limita de forma evidente nas nossas tarefas do dia a dia."
"Não há necessidade de ir ao nosso médico de família por um mal-estar passageiro, que faria parte dos altos e baixos das emoções quotidianas. Mas, se é um mal-estar que se apodera da nossa vida, a todas as horas, dura semanas e nos tira a vontade de fazer o que gostávamos, interfere com o nosso trabalho, com as nossas relações familiares e sociais... Não há que ter vergonha ou timidez em consultar um profissional. Podemos estar a passar por um estado depressivo.
Que causas existem para a depressão?
- Situacionais: Causada por situações específicas como perder um ente querido ou ter problemas económicos devido à perda de emprego. Em muitas ocasiões, produz-se uma fase de luto que estaria dentro do que é normal para um processo de assimilação do que aconteceu. O problema surge se não conseguimos sair deste estado de profunda tristeza ou perda de interesse.
- Sazonais: Algumas pessoas podem ser mais sensíveis às mudanças de estação e à falta de luz natural no inverno ou às mudanças primaveris.
- Hormonais: O pós-parto, a gravidez e a menopausa são algumas das situações em que as mudanças hormonais podem predispor a um estado depressivo. Não é que ocorra sempre, mas as mulheres com uma tendência anterior para problemas de saúde mental deverão tê-lo em conta.
- Genéticas: A depressão pode ter um condicionante biológico, ainda que apenas em parte. São os fatores ambientais que muitas vezes desempenham um papel importante.
Sintomas comuns da depressão
Não é preciso passar por todos eles. Trata-se de uma lista meramente orientativa e deve ser um profissional de saúde a avaliar cada caso de forma individual.
- Sensação constante de tristeza, ansiedade ou "vazio".
- Sensação de irritabilidade ou frustração persistente.
- Sensação de culpabilidade ou inutilidade persistente.
- Perda de interesse em atividades lúdicas (anedonia).
- Falta de energia ou sensação de que estás mais lento, que dura dias e semanas.
- Dificuldade recorrente para te concentrares ou tomares decisões.
- Alteração do ciclo do sono.
- Mudanças no apetite ou no peso.
- Dor de cabeça, cãibras ou problemas digestivos sem uma causa física aparente.
- Tentativas de suicídio ou pensamentos sobre a morte ou o suicídio.
"Há que fixar-se nas palavras 'persistente', 'recorrente' ou 'que dura dias e semanas' para diferenciar o que é um estado de tristeza ou falta de energia pontual, de um processo mais grave. Um dos segredos está precisamente em identificar a persistência dos sintomas, que se alongam no tempo", acrescenta Mar. "Também podem aparecer sintomas físicos como dor de cabeça recorrente, desconforto estomacal, contraturas musculares... Nem tudo se limita ao mental."
Diagnóstico e tratamento da depressão
Como dizíamos, se sofremos de alguns ou todos estes sintomas durante um tempo prolongado, é importante ir a um profissional de saúde que possa avaliar a nossa situação e encaminhar-nos, se necessário, para um especialista como um psiquiatra ou um psicólogo. Perante o diagnóstico de depressão, muitas pessoas sentem medo ou certo estigma. Ainda que não devesse ser assim. Com o tratamento adequado, que pode incluir sessões de psicoterapia e/ou o seguimento de um tratamento farmacológico, assim como hábitos de estilo de vida, há solução para esta doença.