A dor de cabeça após uma grande refeição
A dor de cabeça que se sente após uma grande refeição, normalmente composta por alimentos de dificil digestão e, muitas vezes, por bebidas alcoólicas, é conhecida como enxaqueca digestiva ou abdominal. Se esta associação te parece familiar, talvez sofras de enxaquecas digestivas. Embora existam várias causas na origem das enxaquecas, parece que certos alimentos desempenham um papel essencial nesta sintomatologia.
Mas qual é concretamente a relação entre a dieta e as enxaquecas? Há certos alimentos que as desencadeiam? É possível preveni-las? Existem remédios para aliviá-las? Continua a ler para identificar os sintomas e descobrir o tratamento para aliviar as enxaquecas digestivas.
Quais são os sintomas de uma enxaqueca estomacal?
Sempre se soube que a alimentação é uma parte essencial da nossa vida diária, tanto para o nosso equilíbrio como para a nossa saúde. Sobre este tema, vários especialistas e investigadores acreditam numa relação causa-efeito entre as dores de cabeça e o estômago e, por sua vez, entre a alimentação e as enxaquecas digestivas.
No entanto, esta ligação nem sempre é fácil de estabelecer e o diagnóstico pode ser longo. De facto, a enxaqueca digestiva é uma enxaqueca específica, que provoca fortes dores de cabeça (muitas vezes num lado do crânio) junto a uma sensação geral de mal-estar, náuseas, vómitos e uma maior sensibilidade aos sons e odores.
Seja qual for o tipo de enxaqueca, os fatores ambientais desempenham um papel fundamental. No caso das enxaquecas digestivas, os fatores desencadeantes poderão estar relacionados com a dieta e, em particular, com o fígado, um órgão importante da digestão que, se for sobrecarregado, é provável que provoque sintomas similares à dor de cabeça.
Além disso, durante a enxaqueca digestiva, para além das intensas cefaleias, podem observar-se transtornos hepato-gastroenterológicos como:
- Náuseas e vómitos
- Vómitos biliares recorrentes com soluços
- Intolerância e dor no estômago ou na zona epigástrica
- Diarreia
Por outras palavras, estes sinais reveladores podem sugerir o que é conhecido mais comummente como ataque ou crise hepática.
Quais são os alimentos que podem propiciar uma enxaqueca abdominal?
O sistema nervoso humano está ligado a quase todas as partes do corpo e, em particular, ao trato digestivo. Esta estreita ligação, conhecida como hiperpermeabilidade intestinal, poderá explicar que os alimentos de difícil digestão favoreçam o aparecimento de enxaquecas.
Assim sendo, quando ingerimos alimentos demasiado pesados, muito frequentemente encontramos problemas digestivos que impedem a assimilação completa de certos nutrientes. Devido a esta sobrecarga, as proteínas que não são digeridas atravessam a barreira da mucosa intestinal. A seguir, estas são libertadas na corrente sanguínea, onde podem chegar ao fígado e, possivelmente, a todo o corpo. Este processo explica as dores que se sentem a nível digestivo ligadas à dor de cabeça.
Em específico, certos alimentos foram classificados como alimentos de risco que podem desencadear enxaquecas, entre eles:
- Todas as bebidas alcoólicas, já que o álcool atua sobre o sistema nervoso central como a maioria das drogas.
- Frutos secos e conservas que contêm histamina e conservantes.
- Molhos com potenciadores de sabor, como o glutamato.
- O trigo pelo seu conteúdo em glúten.
- Alguns produtos lácteos, sobretudo os que contêm grandes quantidades de caseína, uma proteína potencialmente responsável pela intolerância digestiva.
Como se podem aliviar as enxaquecas digestivas?
O primeiro passo é identificar os alimentos responsáveis, mediante um "diário de enxaquecas", onde fazer um seguimento exaustivo dos sintomas e das cefaleias. Com este histórico de enxaquecas poderás determinar as possíveis causas, associando-as a um ou vários alimentos. Ao identificá-los, tratar-se-á então de os banir da tua dieta habitual na medida do possível. Além disso, dado que a enxaqueca é uma doença muito incapacitante, é fundamental tratar cada ataque com o tratamento prescrito pelo médico.
Por outro lado, o fígado dedica o seu tempo a digerir e desintoxicar tudo o que não é bom para o organismo, como os metais pesados e os contaminantes alimentares. Quando o fígado está sobrecarregado de trabalho, a produção de bílis é insuficiente e não permite a correta digestão das gorduras. Consumir alimentos como o rabanete negro ou a fumária pode facilitar a drenagem natural do fígado para que funcione melhor.
Por sua vez, a matricária ou artemísia também é útil para o alívio das dores de cabeça, graças às moléculas que contém e pode utilizar-se em infusão. Outro remédio natural com o qual podes contar é o ginkgo (Ginkgo biloba), que contém um ingrediente ativo que consegue modular o glutamato, um agente desencadeante da enxaqueca e que se encontra nos alimentos processados.
Alguns óleos essenciais, além de terem propriedades relaxantes e calmantes, também funcionam como anti-inflamatórios e são eficazes para aliviar as enxaquecas abdominais. Dois deles são os de melissa e limão. Por sua vez, o óleo essencial de menta, se for aplicado sobre as têmporas, também pode contribuir para acalmar as dores de cabeça. Este mesmo, consumido por via oral, ajuda a acalmar as náuseas e os vómitos, daí a sua eficácia no tratamento das enxaquecas digestivas. Recorda que os óleos essenciais não se recomendam, e inclusive estão proibidos, durante a gravidez, a amamentação e para as crianças menores de 6 anos. Em caso de sofrer uma doença prolongada ou estar a receber um tratamento médico específico, pede sempre conselho ao teu médico de confiança.
Na verdade, é tão difícil estabelecer a relação entre os fenómenos digestivos que existem durante uma crise de enxaqueca que inclusive podem chegar a confundir-se com outras afeções do aparelho digestivo. Recorda que para identificar com maior facilidade os alimentos que podem propiciar os episódios de enxaqueca estomacal é importante fazer um histórico e cuidar da dieta segundo os resultados. Além disso, para fazer frente a estas dores de cabeça também podes optar pelos remédios naturais mencionados anteriormente. Mas, em caso de dúvida, sempre pede conselho ao teu médico ou farmacêutico sobre o tratamento adequado.
