
Que hoje em dia é praticamente impossível fugir dos ecrãs é uma realidade. Seja pelo computador no trabalho, porque o smartphone nos acompanha para todo o lado, pelo momento de descontração em frente à televisão, a ler o ebook…
O certo é que, se pararmos para pensar, provavelmente passamos mais horas por dia do que imaginávamos colados a um ecrã; mas, será que isto pode ser prejudicial para a nossa saúde?
A fadiga visual e a má postura: a origem do mal-estar
Quer seja comum teres dores de cabeça, quer não, passar muito tempo em frente a qualquer ecrã pode facilmente desencadeá-las.
Muitas vezes, tendemos a pensar que o único fator prejudicial é a luz azul que estes emitem, mas a verdade é que existem mais fatores que podem acabar por afetar a nossa saúde:
- A fadiga visual ou astenopia, que se manifesta com dor em torno dos olhos, vermelhidão, visão turva e dor de cabeça devido ao esforço visual.
- A síndrome visual informática, que aos sintomas anteriores soma a secura ocular por reduzir o número de vezes que piscamos os olhos.
- Uma má postura ao usar o dispositivo, ao não manter as costas direitas enquanto trabalhamos, olhar para baixo para usar o telemóvel constantemente.
Está demonstrado que todos estes sintomas derivados do uso excessivo de ecrãs (que durante o confinamento aumentou cerca de 75% segundo o Boletim de informação sobre o audiovisual na Catalunha), somados ao stress, provocaram um aumento do número de crianças e jovens afetados pela enxaqueca, baixando radicalmente a média de idade dos pacientes que sofrem desta doença.
A luz azul: um risco para a saúde?
Apesar de, há alguns anos, vermos que cada vez são comercializados mais produtos para nos proteger da luz azul, convém perguntarmo-nos o que há de verdade na sua necessidade e eficácia real.
A luz azul é emitida pelo sol e por fontes de luz artificial como a iluminação LED e os ecrãs dos dispositivos eletrónicos, e parte dela (a luz azul violeta) pode representar um risco para a saúde ocular, especialmente para o cristalino, quando a exposição é frequente e muito prolongada.
Também está associada a uma possível alteração dos ritmos circadianos, sobretudo durante a exposição noturna, podendo causar problemas para descansar. No entanto, ainda não existem estudos firmes que o confirmem.
Apesar de ainda existir controvérsia acerca da sua utilidade real, o uso de lentes para luz azul pode facilitar o sono, mesmo que uses ecrãs antes de dormir, e ajudar a reduzir a tensão ocular e prevenir dores de cabeça.
Quanto aos seus efeitos sobre a pele, embora esteja demonstrado que não é tão prejudicial como a radiação UV (que, lembra-te, envelhece a pele e pode provocar cancro), existem estudos que mostram que pode favorecer o stress oxidativo celular e as suas consequências: perda de firmeza, aparecimento de rugas e manchas, ou piorar outras já existentes como o melasma.
Por isso, o uso de cosmética com filtros HEV (high energy visible light) pode ser de grande ajuda em caso de exposição constante a este tipo de luz.
Dicas para reduzir as dores de cabeça associadas aos ecrãs
Se sofres de dores de cabeça frequentemente e achas que podem estar estreitamente relacionadas com o uso constante de dispositivos eletrónicos, aqui ficam algumas dicas que podes aplicar no teu dia a dia para verificares se notas melhorias:
- Na medida do possível, tenta reduzir o tempo que passas em frente ao dispositivo.
- Afasta-te do ecrã para prevenir a fadiga ocular.
- Deixa descansar a vista periodicamente olhando para um ponto a, pelo menos, 5 metros de distância, ou completamente durante uns minutos a cada 2 horas de uso continuado.
- Regula o brilho do ecrã e reduz a luminosidade do ambiente para evitar reflexos e encandeamentos.
- Vigia a tua postura para não te encurvares, evita inclinar a cabeça e tenta relaxar os ombros para prevenir tensões.
Se depois de aplicares estas mudanças no teu dia a dia os sintomas persistirem, contacta o teu médico.